Uma das maiores referências do
vôlei brasileiro, Maria Isabel Barroso Salgado, a Isabel, morreu nesta
quarta-feira (16) no hospital Sírio-Libanês em São Paulo, aos 62 anos, vítima
de parada cardíaca.
Na segunda-feira, Isabel passou a
integrar o grupo de transição do governo Lula. Naquele mesmo dia, já estava se
queixando de mal estar, foi internada e ontem (15) os médicos diagnosticaram uma
forte bactéria pulmonar, que apesar dos medicamentos prescritos evoluiu e nesta
madrugada ela acabou falecendo. Ela deixa cinco filhos e cinco netos.
Isabel fez parte da seleção
feminina de vôlei que abriu as portas para a modalidade, nos anos 1980, ao lado
de Vera Mossa e Jaqueline. Embora não tenha ganho medalha nas Olimpíadas que
disputou, em Moscou 1980 e Los Angeles 1984, aquela equipe foi a primeira da
história do país a disputar grandes competições.
Foi medalhista de bronze nos
Jogos Pan-Americanos de 1979, em San Juan, Porto Rico. Foi, também, a primeira
jogadora brasileira de vôlei a atuar numa liga estrangeira, na Itália, em 1980,
no Modena.
No início dos anos 1990, com a
popularização do vôlei de praia, esporte que estreou no programa olímpico em
Atlanta 1996, Isabel migrou de modalidade. Jogou diversas etapas do Circuito
Mundial e brasileiro entre 1993 e 2001, inclusive com ouro na etapa de Miami,
nos EUA, em 1994. Suas parceiras foram Roseli, Jerusa, Tatiana Minello e
Jaqueline.
Três dos filhos de Isabel fizeram
carreira vitoriosa no vôlei de praia. Pedro Solberg, que disputou as Olimpíadas
da Rio 2016 e ficou em nono lugar, Maria Clara Solberg e Carol Solberg. Carol,
ao lado da medalhista Bárbara Seixas, está entre as melhores do mundo
atualmente. No último fim de semana, a dupla ficou com o bronze na etapa de
Uberlândia do Circuito Mundial. Além deles, Isabel deixa Pilar e Alison, filho que
adotou em 2015.
Jogadora oriunda das categorias
de base do Flamengo, Isabel estreou pelo clube em 1973, quando tinha 13 anos.
Três anos depois, foi convocada para a seleção brasileira juvenil pela primeira
vez, graças a titularidade que já tinha no time adulto do Flamengo. Em 1978 e
1980, foi campeã brasileira pela equipe rubro-negra.
Uma das cenas mais icônicas da
carreira veio em 1982, em um torneio amistoso da seleção brasileira no Ginásio
do Ibirapuera, em São Paulo. O jogo era contra o Japão, tinha mais de 20 mil
pessoas na arquibancada. O público estava sendo hostil com as nipônicas, que
venciam o jogo. Isabel, então com 22 anos, pediu o microfone oficial do evento
e fez um discurso forte, dizendo que se os torcedores não parassem de xingar as
asiáticas, não teria mais jogo. A partida seguiu, o Brasil foi derrotado, mas o
público se comportou.