A mãe da bebê de um mês que está
internada em estado grave no Hospital da Criança e da Maternidade de São José
do Rio Preto disse em depoimento à Polícia Civil que a filha começou a ser
agredida pelo pai quando tinha apenas onze dias de vida, informa o portal G1 TV
Tem Notícias.
O casal foi preso preventivamente
na segunda-feira (13), levado para a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e
encaminhado para presídios da região noroeste paulista.
Em depoimento, a mulher também
disse que o companheiro chacoalhava a filha para fazê-la parar de chorar, além
de bater o bebê conforto, com a menina dentro, contra o piso da casa em que os
dois moravam.
A Polícia Civil segue investigando
se as marcas de queimaduras encontradas na criança foram provocadas por cigarro
ou um pedaço de plástico utilizado para o consumo de cocaína ou crack. O bebê
conforto e o objeto foram apreendidos.
A Delegacia de Defesa da Mulher
começou a investigar o caso no dia 7 de fevereiro, após a mãe da criança
procurar a polícia para denunciar que o companheiro havia agredido a filha.
Segundo a delegada Cristina
Helena Spir Santana, incoerências no depoimento da mãe levaram a polícia a
descobrir que ela também era violenta com a bebê. “A investigação mostrou que o
casal era violento. Os vizinhos tinham medo, porque ouviam muitos barulhos. A
mulher pediu medidas protetivas de urgência e foi atendida, mas pessoas
próximas começaram a dizer que a situação era outra. Ela veio para a delegacia
após a internação da criança, porque familiares a pressionaram. Então
representamos pela prisão preventiva do casal”, afirmou.
Ainda conforme a delegada, além
das queimaduras, a criança está com diversas fraturas e coágulo no cérebro. “Os
dois responderão, possivelmente, por tentativa de feminicídio. Ele como autor e
ela como partícipe. O caso chama atenção porque é o máximo de violência contra
alguém completamente vulnerável. É uma criança com menos de dois meses. Ela foi
agredida, com bastante severidade, por estar chorando”, explicou.
Traumas e ferimentos
Consultada pela reportagem da TV
Tem, a radiologista Fernanda Del Campo explicou que crianças de até dois anos
não podem ser chacoalhadas de forma brusca. “A criança nesta idade não tem a
sustentação adequada do tônus muscular do pescoço. Fora isso, a cabeça é
proporcional ao corpo, grande e tem um peso. Quando ocorre o chacoalhão, a
cabeça faz um movimento de aceleração e desaceleração. Isso leva à ruptura de
vasos intracranianos que levam ao sangramento. Pode chegar a fazer isquemia”,
contou.
Segundo Fernanda, o chacoalhão
também faz os membros inferiores se movimentarem bruscamente, provocando lesões
devido à peculiaridade do sistema esquelético da criança. “Isso significa que
levam a pequenas fraturas nos cantos dos ossos. Tanto braços como pernas”, explica
a profissional.