O aumento das
tarifas de importação anunciado pelos Estados Unidos, com previsão de entrar em
vigor em 6 de agosto, pode provocar perdas superiores a R$ 19 bilhões para os
estados brasileiros. As Unidades Federativas do Sudeste e do Sul deverão
registrar as maiores perdas.
Os dados são
de levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base no
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC),
divulgados nessa terça-feira (29).
O estudo
mostra ainda os impactos nos estados com as maiores dependências do mercado
norte-americano. Em 2024, os Estados Unidos representaram 44,9% das exportações
do Ceará. No Espírito Santo, a participação foi de 28,6%. Em outros estados,
como Paraíba (21,6%), São Paulo (19,0%) e Sergipe (17,1%), a dependência também
é significativa.
Em pelo menos
11 estados brasileiros, os EUA respondem por 10% a 20% das vendas externas. A
maior parte desses embarques é composta por produtos da indústria, o que
reforça a vulnerabilidade do setor às mudanças nas políticas comerciais
norte-americanas.
"A
imposição do expressivo e injustificável aumento das tarifas americanas traz
impactos significativos para a economia nacional, penalizando setores
produtivos estratégicos e comprometendo a competitividade das exportações
brasileiras. Há estados em que o mercado americano é destino de quase metade
das exportações. Os impactos são muito preocupantes", avalia Ricardo
Alban, presidente da CNI.
Para Frederico
Lamego, superintendente de Relações Internacionais da CNI, a repercussão é
ainda mais árdua ao considerar o volume de mais de 10 mil pequenas, médias e
grandes empresas que atuam nos Estados Unidos.
“São diversos
estados impactados, mas destaco São Paulo em função do peso da indústria
paulistana, onde projetamos uma perda da ordem de R$ 4,4 bilhões. Em seguida,
Rio Grande do Sul e Paraná, depois Santa Catarina e Minas Gerais, com impactos
da ordem de quase R$ 2 bilhões. Além desses estados, há casos específicos como
o Ceará, com mais de 45% das exportações direcionadas para o mercado
americano”, disse o superintendente.
Entre os
números nacionais, o estudo mostra que, em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado
ao mercado americano foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa
salarial e R$ 3,2 bilhões em produção.
Os Estados
Unidos têm sido, ao longo da última década, o principal destino das exportações
da indústria de transformação brasileira. No período, a indústria de
transformação representou, em média, 82,0% das exportações brasileiras para os
Estados Unidos e 90,3% das importações vindas do parceiro norte americano.
As economias
brasileira e americana são complementares. Isto é, o comércio bilateral é
composto por fluxos intensos de insumos produtivos. Entre 2015 e 2025, esses
bens representaram, em média, 61,4% das exportações e 56,5% das importações
brasileiras.
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