Cerca de um
milhão de domicílios deixarão de receber o benefício do Bolsa Família em julho,
por terem aumentado a renda. A maioria delas, 536 mil, cumpriu 24 meses na
Regra de Proteção. Elas atingiram o prazo máximo de recebimento de 50% do valor
a que têm direito, por terem alcançado uma renda per capita entre R$ 218 e meio
salário-mínimo.
Esse público
ainda é protegido por outra medida: o Retorno Garantido. Ela é aplicada quando
a família que ultrapassou o período de 24 meses na Regra de Proteção ou
solicitou o desligamento voluntário do programa volta à situação de pobreza.
Nestes casos, os antigos beneficiários têm prioridade para voltar a receber o
Bolsa Família.
Além das
famílias que deixam o programa por atingirem o prazo máximo na Regra de
Proteção, outros 385 mil domicílios ultrapassaram R$ 759, meio salário mínimo,
de rendimento por pessoa em julho. Elas tiveram um aumento de renda maior que o
limite da Regra de Proteção.
Com a
modernização do sistema do Cadastro Único, realizada em março, o cruzamento de
dados das bases do Governo Federal, como o Cadastro Nacional de Informações
Sociais (CNIS), se tornou mais eficiente. Um exemplo desta integração é que as
informações de renda das famílias passam a ser atualizadas automaticamente.
A novidade é mais uma etapa dos esforços do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), que desde 2023 vem qualificando as informações do Cadastro Único. Como resultado, somadas as saídas de julho de 2025, aproximadamente 8,6 milhões de famílias deixaram o Bolsa Família.
Regra de Proteção
A medida foi
uma das novidades do novo Bolsa Família, retomado há dois anos pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. O programa de transferência de renda condicionada é
referência mundial e uma das políticas públicas que integram o colchão social
para as famílias em vulnerabilidade.
Em 2024, do
total de vagas formais de emprego criadas, 98,87% foram ocupadas por pessoas
inscritas no Cadastro Único e 75,5% pelo público do programa de transferência
de renda. No ano passado, 50% da população do país estava na classe média -
renda individual de R$ 3,4 mil ou mais -, incluindo 972 mil pessoas registradas
no CadÚnico.
Em 2023, o
índice de pobreza e extrema pobreza no Brasil alcançaram os menores patamares
em anos, chegando a 27,4% e 4,4% respectivamente, segundo dados do Banco
Mundial.
Novas regras
Com a economia
em recuperação e o mercado de trabalho formal em crescimento, o governo federal
atualizou as regras de transição para as famílias beneficiárias do Bolsa
Família que passam a ter recebimentos acima do limite de entrada no programa.
Julho é o
primeiro mês de aplicação das novas regras, que alcançam cerca de 36 mil
famílias. Elas tiveram um aumento de renda entre R$ 218 e R$ 706 per capita e
entraram na Regra de Proteção. Nestes domicílios, o grupo familiar recebe 50%
do valor a que tem direito, por até 12 meses.
A fixação do
novo limite de renda está alinhada à linha de pobreza internacional,
estabelecida a partir de estudos sobre a distribuição de renda em diversos
países do mundo.
Além disso, as
famílias cuja renda seja considerada estável ou permanente - como aquelas que
recebem aposentadoria, pensão ou Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas) -
poderão permanecer com o auxílio do Bolsa Família por até dois meses. Nesses
casos, já há uma proteção social contínua assegurada pelo Estado, o que
contribui para maior previsibilidade ao orçamento familiar.
Cabe destacar,
entretanto, que no caso de famílias com pessoas com deficiência que recebem o
BPC, o tempo máximo de permanência na Regra de Proteção será de 12 meses. A
atenção diferenciada considera que o benefício, em seu regramento, passa por
revisões periódicas em se tratando de pessoas com deficiência.
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