A decisão dos
Estados Unidos de elevar para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros gera
preocupação na indústria nacional e pode causar prejuízos à economia
brasileira. A medida, anunciada semana passada pelo presidente Donald Trump,
pode impactar diretamente cerca de 10 mil empresas brasileiras exportadoras,
comprometer a relação histórica entre os dois países e ameaçar milhares de
postos de trabalho.
O alerta vem
da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, a decisão foi
recebida com surpresa e não encontra respaldo em dados econômicos. "Não
existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho,
elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas
podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema
produtivo americano", afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
O presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que a partir de 1º de agosto, será
aplicada uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. A
decisão foi justificada como uma resposta à forma como o governo brasileiro tem
tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político de Trump, além de
alegações de práticas comerciais “desleais”.
Em resposta ao presidente americano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma nota oficial reafirmando a soberania do Brasil e o respeito às instituições nacionais. Lula destacou que o país não aceitará qualquer tipo de tutela externa e que os processos judiciais relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro são de competência exclusiva da Justiça brasileira. O presidente também negou a existência de um déficit comercial norte-americano em relação ao Brasil, como alegado por Trump, e reforçou que a relação bilateral deve se basear em respeito mútuo e cooperação econômica.
Impactos na economia e na indústria
Na avaliação
da CNI, o aumento da tarifa de importação americana impacta a economia
brasileira e abala a cooperação com os EUA. Em 2024, citou a entidade, para
cada R$ 1 bilhão exportado para os Estados Unidos, foram gerados 24,3 mil empregos,
R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção.
A CNI
ressaltou ainda que a nova tarifa, se mantida, deve afetar diretamente a
competitividade dos empreendimentos brasileiros. Resultados preliminares de
levantamento feito pela entidade mostram que um terço das empresas brasileiras
exportadoras para os EUA já relatam impactos negativos. A consulta foi
realizada entre junho e começo de julho, ainda no contexto da tarifa básica de
10%.
Ainda de
acordo com a entidade, os EUA são o principal destino das exportações da
indústria de transformação brasileira – um setor que alcançou, em 2024, US$
181,9 bilhões em exportações, registrando um aumento de 2,7% em relação ao ano
anterior. Os dados são da Nota Técnica:
Desempenho da Balança Comercial Brasileira em 2024, elaborada pela
confederação. O recorde foi motivado pelas exportações de bens de consumo não
duráveis e semiduráveis, que cresceram 11% em relação a 2023.
A CNI defende
uma resposta diplomática imediata. "Que o equilíbrio e o diálogo técnico
prevaleçam com a parcimônia e a determinação necessária", avaliou Alban.
(fonte: Brasil 61)
Postar um comentário