O planeta Terra teve o dia mais
quente da sua história na segunda-feira (03/07), superando a média de 17 ºC
pela primeira vez desde o início das medições em 1979. Divulgados nessa terça,
os dados partiram de análises preliminares do Centros Nacionais de Previsão
Ambiental dos Estados Unidos, um serviço ligado à Administração Nacional
Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês).
Ao chegar a 17,01ºC no início da
semana, a temperatura média global superou o recorde anterior de 16,92ºC,
registrado em 24 de julho do ano passado. Geralmente oscilando entre cerca de
12°C e pouco menos de 17°C em qualquer dia do ano, a temperatura global
atmosférica no início de julho registrou uma média de 16,2°C entre 1979 e 2000.
Entre os responsáveis pelo
aumento, estão as altas temperaturas observadas em diversas partes do mundo,
como nos EUA, que vem sofrendo com picos de calor nas últimas semanas, e a
China, afetada por uma onda de calor contínua em torno de 35 ºC. Também o norte
da África registrou temperaturas próximas a 50 ºC.
Nem mesmo a Antártica, que
atualmente passa pelo inverno, escapou das altas temperaturas. Recentemente, os
termômetros da base ucraniana de pesquisas Vernadsky, situada nas ilhas
argentinas do continente branco, registraram 8,7°C, um recorde para o mês de
julho.
"Este não é um marco para
celebrar", disse o cientista climático Friederike Otto, do Instituto
Grantham para Mudanças Climáticas e Meio Ambiente do Imperial College London,
no Reino Unido. "Trata-se de uma sentença de morte para pessoas e
ecossistemas."
ALARME GLOBAL
O novo recorde ainda não foi
confirmado por outras medições, mas pode ser quebrado em breve com o início do
verão no Hemisfério Norte. Normalmente, os termômetros continuam subindo até o
final de julho ou início de agosto.
No próximo ano, estima-se que o
início do fenômeno climático El Niño no Oceano Pacífico elevará as temperaturas
ainda mais. Isso sem contar com a própria atividade humana — principalmente a
queima de combustíveis fósseis —, que continua a emitir cerca de 40 bilhões de
toneladas de CO2 na atmosfera, aquecendo cada vez mais o planeta a cada ano que
passa.
"Infelizmente, isso (o dia
mais quente da história) promete ser apenas o primeiro de uma série de novos
recordes estabelecidos este ano, à medida que as emissões crescentes de dióxido
de carbono e gases de efeito estufa, juntamente com um El Niño crescente, levam
as temperaturas a novas alturas", disse Zeke Hausfather, pesquisador
cientista da Berkeley Earth, em um comunicado.