PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARARAPES

Jornal O Impacto - Guararapes e Região

Surto de doença em gatos ameaça saúde pública e pode levar humanos à morte

 

O surto da esporotricose felina no Brasil, doença altamente infecciosa e agressiva, tem se espalhado de forma alarmante por todo o país, trazendo grave risco à saúde pública e mantendo as autoridades sanitárias em estado de alerta.  Trata-se de uma doença causada por um fungo do gênero Sporothrix spp, que provoca lesões cutâneas e úlceras em gatos, tanto domiciliados quanto os de rua, podendo ser transmitida para outros animais como cães e também para os humanos. 

“É um grave problema de saúde pública. Para se ter uma ideia, o fungo já se tropicalizou e gerou uma espécie 100% nacional, a Sporothrix brasiliensis, que é muito mais transmissível e já está se espalhando para fora do Brasil”, explica o professor titular de medicina veterinária da UNIP, Carlos Brunner.

Brunner é um dos maiores especialistas no uso de pulsos elétricos no tratamento de doenças. Ele é precursor da eletroquimioterapia no Brasil e um dos fundadores da Akko Health Devices, desenvolvedora de soluções em tratamentos com eletroquimioterapia para medicina humana e medicina veterinária. Há quase duas décadas, ele estuda os efeitos da técnica no tratamento de diversas doenças, entre elas a esporotricose, e desenvolveu um equipamento inédito que está sendo testado em clínicas veterinárias e em universidades, como a PUC de Curitiba e a Fundação Fiocruz, no Rio de Janeiro.

“A esporotricose é infecciosa e agressiva. Os gatos são as principais vítimas e os potenciais transmissores. Ela causa lesões cutâneas que podem começar como pequenos caroços (nódulos) e evoluir para úlceras com secreção. Essas feridas não cicatrizam facilmente e costumam espalhar-se pelo corpo. O tratamento com antifúngico é demorado e muitas vezes não traz os resultados esperados”, explica Brunner.

A transmissão da esporotricose para humanos é feita por meio do contato com o animal infectado. Os arranhões são a principal porta de entrada. A lesão ocorre geralmente nas mãos, braços, rosto ou pernas e começa como um nódulo avermelhado e firme. Depois, evolui para uma ferida ulcerada, que pode drenar pus. Ela não causa dor, mas demora para cicatrizar. O problema é que a infecção se espalha pelos vasos linfáticos e, quando encontra uma pessoa com o sistema imunológico comprometido (caso dos imunossuprimidos), pode atingir ossos, pulmões, olhos e até o sistema nervoso central, levando à morte.

Vários estados vivem situação crítica. Em São Paulo, a vigilância mapeou os municípios com os registros da doença – que este ano passou a ser de notificação obrigatória. Em 2024 foram mais de 1.700 casos confirmados em humanos em cerca de 100 municípios. Na capital paulista, no ano passado, mais de 3.300 animais foram notificados com esporotricose.

O estado do Amazonas está em alerta. Segundo o Boletim Epidemiológico do estado, até 30 de setembro de 2025, foram confirmados 1.469 casos de esporotricose em humanos, com uma morte: uma mulher de 42 anos, residente em Manaus, diagnosticada tardiamente e que evoluiu para óbito em julho. No caso dos animais, foram 3.559 confirmações, sendo que 1.660 gatos foram eutanasiados em todo o estado.

Na clínica da veterinária Adriana Queiroz, em Manaus, foi necessário separar uma ala apenas para tratar os gatos com esporotricose. Ela conta que muitos tutores chegam com medo, já que os animais convivem com a família de forma muito intensa. “Tenho clientes que chegaram até aqui desesperados. Crianças apegadas nos bichinhos e com medo de precisar fazer eutanásia”, conta Adriana.

A clínica está usando a técnica dos pulsos elétricos (ou, eletropulsos), desde julho e já sente os resultados. “O uso do eletropulso é promissor, visto que muitos animais não respondem ao tratamento convencional oral. Com a ajuda da técnica os animais têm tido uma melhora significativa”, comenta.

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem
Jornal O Impacto - Guararapes e Região

SICOOB COOPCRED

Jornal O Impacto - Guararapes e Região
Jornal O Impacto - Guararapes e Região